28/06/2022

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Perspectivas Brasil-Portugal: Energia, Importação e Exportação e CPLP

No âmbito das comemorações do bicentenário da independência do Brasil, foi realizada a conferência “Brasil- Portugal: Perspectivas de Futuro” para identificar e analisar os vetores principais da relação futura entre os países, realizada na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

No que diz respeito ao cenário político-econômico, esteve em pauta a crise na Ucrânia e os seus efeitos para o futuro. Se por um lado é consciência unânime de que a guerra tem potencial de tornar a União Europeia (UE) mais “eurocentrada”, por outro lado destacou-se a necessidade de a UE encontrar países amigos, o que favorece os acordos bilaterais. Nesse aspecto, apontou-se a possibilidade mais efetiva da negociação de um desmembramento do tão aguardado acordo União Europeia e Mercosul para prever somente a parte comercial, que tem trâmite muito facilitado, como foi recentemente firmado pela UE com Singapura e Vietnã, conforme concordam Andrés Malamud, investigador no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, Luciano Coutinho, do Instituto de Economia da UNICAMP, e Ana Paula Zacarias, embaixadora, representante permanente de Portugal junto das Nações Unidas.

Para os empresários que já atuam no cenário luso-brasileiro, Antonio Pargana, membro do Conselho de Administração da BRISA, e João Marques da Cruz, CEO da EDP Energias do Brasil, as parcerias são excelentes e permanecerão independentemente de qualquer acordo e são favoráveis para infraestrutura, importação e exportação e energia renovável. Para eles, os acordos não importam, pois haverá investimento privado desde que existam regras transparentes e estáveis no Brasil.

Referido posicionamento é entoado pelo Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, para quem as relações entre os dois países já estão a acontecer, são imparáveis por uma escolha dos povos e independem da opção dos governantes.

Nos diversos paneis ganhou ênfase as oportunidades da parceria entre Brasil e Portugal na área das energias renováveis como aquela que tem mais potencial de crescimento entre os dois países lusófonos.

Para Antonio Pargana e João Marques da Cruz, respectivamente representantes da GALP e EDP, há uma relação empresarial muito forte e as perspectivas de investimento destas empresas em energias renováveis no Brasil são muito promissoras.

O discurso é acompanhado de ações recentes da GALP, que em maio acordou a compra, após maturidade, de uma carteira de projetos de energias renováveis de até 4,8 GW que serão desenvolvidos no Brasil e, em outubro, a empresa, que é atualmente o terceiro maior produtor de petróleo e gás do Brasil, acordou a aquisição de duas carteiras de projetos solares em desenvolvimento nos estados da Bahia e Rio Grande do Norte à SER Energia, com capacidades de 282 megawatts (MW) e 312 MW, respectivamente.

Já a EDP, com forte presença no Brasil, assegurou um contrato para venda de energia renovável produzida por uma nova central solar no Estado de São Paulo, com capacidade de 254 MW, que deverá entrar em operação em 2024. Na conferência, João Marques da Cruz informou, ainda, a participação da EDP no leilão promovido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), no próximo 30 de junho, na B3, para concorrer à concessão de 13 (treze) lotes de linhas de transmissão de energia elétrica, com investimento previsto de R$ 15,3 bilhões.

A segurança alimentar, que é outro destaque impingido pela guerra na Ucrânia, foi também ponto em que foi identificada a sinergia entre os países, que têm muito a oferecer nessa área. Nesse sentido, o Brasil pode garantir fornecimento de alimentos, competitividade e liderança do agronegócio e Portugal pode ser a porta de entrada no tema segurança alimentar para a Europa.

Por fim, houve grande destaque para a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), da qual é parte o Brasil, como instrumento político vigoroso. Ressaltou-se a importância da efetiva participação do Brasil para dar efetividade para a comunidade e de uma cooperação triangular, trazendo Portugal e Brasil em conjunto no continente africano, como destacou Miriam Gomes Saraiva, professora de Relações Internacionais da Universidade do Rio de Janeiro, Francisco Seixas da Costa, Embaixador, Rodrigo Pacheco, Presidente do Senado Federal Brasileiro, o que também foi acompanhado pelo Presidente da República Portuguesa Marcelo Rebelo de Sousa.

 

Lilian Chiara Serdoz

 

 

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